A sexta geração de videogames foi marcada pelo lançamento de aparelhos com capacidades similares, exceto o Dreamcast, que é quase um caso a parte. Foi uma era em que a discussão sobre quantidade de "bits" e de polígonos tornou-se praticamente irrelevante, o debate passou a ser como as especificações técnicas impactariam na qualidade dos jogos.
Ken Kutaragi, engenheiro e criador da linha de consoles de videogame da Sony, afirmou que o PlayStation 2 seria capaz de criar gráficos tão realistas que poderiam transmitir emoções, nomeando o processador principal de Emotion Engine.
O PlayStation 2 se tornou extremamente popular a ponto de virar o console mais vendido de todos os tempos, com mais de 150 milhões de unidades comercializadas. O videogame ainda não saiu de linha e recebe lançamentos recentes como Pro Evolution Soccer 2012 e FIFA 2012.
Os rivais contra-atacaram cada uma a sua maneira. O Xbox, estreia da Microsoft no mercado de consoles, apostou no poder da internet e criou a primeira rede online exclusiva para videogames. Lançada em 2002, a Xbox Live foi um grande sucesso e prova disso é que hoje todas as fabricantes de consoles têm sua própria rede online.
Já o GameCube seguiu suas convicções: apesar de a Nintendo ter dado o braço a torcer e adotado mídias óticas, procurou equipar o console com memórias que serviram para minimizar o acesso ao disco - e assim diminuir o tempo de "loading", uma questão crucial para a companhia japonesa.
Além disso, trabalhou para integrar o console com os portáteis, algo que deve acontecer com maior frequência nos próximos anos com o PlayStation 3/PS Vita e o Wii U/Nintendo 3DS. Apesar disso, a Nintendo amargou o terceiro lugar nessa geração, perdendo até para a "novata" Microsoft e seu Xbox.
Os consoles
PlayStation 2
Sucessor do PlayStation, tornou-se o
videogame mais vendido de todos os tempos, com mais de 153 milhões de
unidades comercializadas no mundo todo. Foi lançado em 4 de março de
2000 no Japão, em 26 de outubro do mesmo ano nos EUA e em 18 de outubro
de 2009 no Brasil.
Xbox
Primeiro console
lançado pela Microsoft, o Xbox é um videogame com arquitetura de PC e
foi um dos primeiros a ter uma rede online para partidas multiplayer.
Saiu em 15 de novembro de 2001 no EUA e em 22 de fevereiro de 2002 no
Japão. Não foi lançado no Brasil. Vendeu 24 milhões de unidades no mundo
todo.
GameCube
Primeiro videogame da
Nintendo a usar discos óticos, o GameCube perdeu para os consoles da
Sony e Microsoft em vendas, com "apenas" 21,74 milhões de unidades
saídas das prateleiras, marcando o pior momento da Big N até então. O
lançamento aconteceu em 14 de setembro de 2001 no Japão, em 18 de
novembro do mesmo ano nos EUA e em 23 de agosto de 2002 no Brasil.
Diferenciais
PlayStation 2
Ainda que estivesse longe da
perfeição, o console era retrocompatível com o PlayStation (e fazia
melhorias em determinados games). Além disso, conseguia ler filmes em
DVD, e ajudou a popularizar o formato de disco.
Xbox
Foi o primeiro videogame a ter um disco rígido de fábrica, eliminando,
assim, o uso de cartões de memória para salvar os jogos, como era o caso
dos concorrentes GameCube e PlayStation 2.
GameCube
Tem memória específica para guardar temporariamente os dados contidos
nos discos. Assim, os "loadings" eram bem mais rápidos que nos consoles
da concorrência. O tempo de espera era uma questão crucial para a
Nintendo.
PS2: jogos e séries marcantes
Trilogia "Grand Theft Auto III": a franquia estabeleceu
uma fórmula para jogos de mundo aberto com temática de violência urbana
e virou um dos maiores sucessos da história dos games.
"Metal Gear Solid 2" e "3":
com esses jogos, o diretor Hideo Kojima entrou definitivamente para o
panteão das lendas, reafirmando a linguagem cinematográfica no mundo dos
games. E ainda conseguiu fazer dois "Zone of the Enders".
"God of War I" e "II":
com nudez e alto grau de violência, a franquia deu novo padrão de
qualidade - tanto no visual como na trilha sonora - para os jogos de
ação e combate, e virou clássico instantâneo.
"ICO" e "Shadow of the Colossus": com estilo introspectivo, os dois games surpreenderam ao proporcionar emoções genuínas, algo raro encontrar até hoje.
Série "Winning Eleven": foi no PlayStation 2 que o futebolístico chegou ao ápice e formou uma legião de esportistas de sofá.
"Okami":
a Clover Studios, subsidiária da Capcom, teve vida curta, mas o
suficiente para criar essa obra-prima da orientalidade. "Okami" marcou
época pelo seu grafismo, que parece ter uma aquarela, e pelo sistema de
controlar um pincel para fazer intervenções no cenário.
Jogos da Square-Enix:
o que falar de uma produtora que lançou "Final Fantasy XII", "Kingdom
Hearts II" e "Dragon Quest VIII", alguns dos melhores games para a
plataforma da Sony?
Xbox: jogos e séries marcantes
Série "Halo": embora sua campanha single-player não
seja unanimidade, tem um modo multiplayer efervescente e mostrou que
consoles também podiam fazer bons games de tiro em primeira pessoa. Com
sua alta popularidade, conquistou o posto de jogo mais vendido do Xbox
de todos os tempos.
Série "Splinter Cell":
apesar de ter sido lançado para várias plataformas, a franquia estrelada
por Sam Fischer tem o Xbox como "casa" (assim como "GTA" sempre foi
associado ao PlayStation 2). É um jogo de espião com a grife de Tom
Clancy, escritor de romances militares, e a melhor versão sempre foi da
"caixa".
Jogos da BioWare: com "Star Wars:
Kinights of the Old Republic", a produtora que hoje cuida dos RPGs da
Electronic Arts fez seu nome. Mais que isso, criou uma fórmula de
sucesso para o gênero, com sistema de múltiplas opções de diálogos e
decisões morais, que depois seria aproveitada em "Jade Empire".
"Ninja Gaiden":
releitura de um game da década de 80, o título estrelado por Ryu
Hayabusa impressionou pela dificuldade, violência e refinada mecânica de
jogo. Apesar de ser japonês, o game saiu apenas no Xbox por preferência
pessoal de Tomonobu Itagaki, líder do time que fez "Ninja Gaiden" e
"Dead or Alive 3".
"Forza Motorsport":
resposta da Microsoft para "Gran Turismo", tornou os simuladores de
direção muito mais palatável para o grande público, e não somente para
aficionados, por trazer mecanismos de assistências para novatos.
GameCube: jogos e séries marcantes
"The Legend of Zelda: Wind Waker" e "The Twilight Princess":
o primeiro "Zelda" do GameCube gerou polêmica devido aos gráficos de
desenho animado, mas passado o susto, estava ali um game inventivo como
sempre fora. E a versão de "Twilight Princess" para o console é
considerada a mais autêntica.
"Super Mario Sunshine":
é um legítimo game da linha principal de "Super Mario Bros." e traz a
inventividade de sempre da série. Mesmo carregando o fardo pesado de
suceder a obra-prima "Mario 64" conseguiu se destacar e é um dos
melhores jogos do GameCube.
"Super Smash Bros. Melee":
depois de uma ótima estreia no Nintendo 64, a série que coloca
personagens famosos da Nintendo para digladiarem entre si ganhou muito
mais conteúdo e virou um dos jogos multiplayer mais divertidos do
GameCube.
"Mario Kart: Double Dash!!": a série
de corrida sempre rendeu bons títulos, e isso não foi diferente no
GameCube. Embora não seja considerado um dos melhores "Mario Kart",
ainda mantém o alto nível e trouxe novidades, como o sistema de dois
pilotos por carro.
"Metroid Prime" e sua continuação:
poucas vezes uma série clássica fez uma transição tão acertada quanto
em "Metroid Prime". O console recebeu dois ótimos games de tiro e
exploração em primeira pessoa protagonizados por Samus Aran e feitos
pela Retro Studios.
Série "Resident Evil": a
franquia de zumbis nasceu no PlayStation, mas na geração seguinte o
GameCube foi a principal plataforma para os mortos-vivos da Capcom.
Enquanto durou, a parceria exclusiva com a Nintendo rendeu os excelentes
"Resident Evil" (remake), "Resident 0" e "RE 4".
Série "Pikmin":
é mais uma série de sucesso que sai da cabeça de Shigeru Miyamoto,
criador também de "Mario Bros." e "The Legend of Zelda". O jogo encantou
pela fofura das criaturas que dão nome ao jogo e pelo cenário
detalhado.
Momentos de superação
PlayStation 2
Os games da fase madura surpreenderam
pela qualidade técnica, com algumas características que só seriam
vistas na geração seguinte de consoles. É o caso de "Black" com seus
cenários destrutíveis e "Shadow of the Colossus", que trazia efeitos de
"borrão de movimentos".
Xbox
O lançamento
de "Halo 2" foi, além de uma realização tecnológica, um grande "case" de
marketing. Com uma campanha luxuosa e um intrigante jogo de realidade
alternada chamado "I Love Bees", "Halo 2" iniciou a era dos blockbusters
nos videogames e se tornou o maior título do Xbox.
GameCube
Cada um dos "Resident Evil" lançados para o GameCube tinham gráficos
magníficos, mas "Resident Evil 4" superou todas as barreiras, com
efeitos visuais de cair o queixo. Uma das partes mais impressionantes é a
fase do pântano, com chuva e trovoadas, que ficou prejudicada na versão
para PS2.
Momentos "fail"
PlayStation 2
Revisões de hardware são comuns nos
videogames, mas o modelo SCPH-75000 trouxe problemas de travamento em
diversos jogos, como "Tekken 5". Além disso, dezenas de jogos para
PlayStation tinham problemas para rodar nessa versão do videogame.
Xbox
O primeiro controle da "caixa" era enorme e desconfortável. Diante de
tanta reclamação (e o título de "mico do ano" dado pela GameInformer), a
Microsoft tornou padrão o modelo S do controle, mais compacto,
inicialmente lançado para o mercado japonês.
GameCube
Embora fosse um hardware que agradasse os produtores de jogos, o
GameCube ficou em terceiro lugar na guerra da sexta geração de consoles.
O lançamento tardio em relação ao PS2 e a pouca quantidade de jogos,
principalmente para o público maduro, fez com que ficasse atrás até
mesmo do Xbox em vendas.
Acessórios curiosos
PlayStation 2
EyeToy: desenvolvido na Europa, essa
minicâmera permitiu jogar sem usar controles, apenas com o gesto do
corpo. De uma maneira bem mais simples, pode ser considerada a
inspiração do Kinect, acessório do Xbox 360.
Xbox
Controle S: o console da Microsoft não teve muitos acessórios
relevantes. Talvez a maior contribuição tenha sido o controle "S", mais
compacto e ergonômico, que foi planejado no Japão e acabou substituindo o
original, que era gigante e mal visto.
GameCube
WaveBird: da própria Nintendo, é uma versão sem fio do controle do
GameCube. Pode-se dizer que antecipou uma tendência, já que todos os
consoles da geração seguinte tiveram controles sem fio.