Análise do jogo Ori and the Blind Forest: Definitive Edition

Fundado em 2010, o Moon Studios é formado por um grupo de desenvolvedores independentes espalhados por todo o mundo. Depois de quatro anos de trabalho, a equipe entregou para os jogadores o seu primeiro título, Ori and the Blind Forest, publicado pela Microsoft em 2015. No ano seguinte, uma edição definitiva chegou ao mercado contando com novas áreas, segredos, sequência de história, dentre outros conteúdos e mecânicas. É sobre a edição mais recente que falarei nesta análise.

Durante a noite, enquanto uma forte tempestade atingia a floresta Nibel, uma folha iluminada se desprende da Árvore do Espírito e é levada pelo vento. Naru, que estava observando a tempestade, percebe a presença de algo luminoso no ar e decide seguir a partícula. Ao se aproximar, a folha se transforma em uma pequena e frágil criatura branca: Ori. Naru passa então a cuidar de Ori como se ele fosse filho dela. Quando um misterioso evento acontece com a Árvore do Espírito, a floresta acaba ficando “cega” e a vida se torna frágil e decadente.

Como Ori recebeu a luz da Árvore do Espírito, agora o destino da floresta está em suas mãos. Para trazer de volta o equilíbrio e a segurança à Nibel, será necessário encontrar e reacender os três elementos da luz: os elementos da água, dos ventos e do calor. Cada um deles está em uma parte específica do mapa, e para chegar até os locais é necessário explorar outras áreas. Nossa primeira missão é encontrar o elemento da água, situado no topo da árvore de Ginso. Sein, uma criatura que contém o poder da Árvore do Espírito e sua vontade, é o principal companheiro do jogador durante a jornada: além de guiar Ori, Sein também serve como uma espécie de arma para o protagonista, sendo capaz de golpear os inimigos com um raio.

A história do jogo é muito bonita e surpreendente. Kuro, a coruja que assume o papel de principal antagonista, também tem uma motivação nobre por trás de suas ações, tudo é uma questão de ponto de vista. A narrativa é contada por meio de textos e imagens, com destaque para as expressões faciais dos personagens. Todos os elementos textuais são falados por Sein e pela Árvore do Espírito em uma língua desconhecida. Sien dialoga diretamente com Ori, enquanto a árvore assume o papel de narrador da história. Não deixe o belíssimo visual do jogo te enganar: o enredo de Ori and the Blind Forest é emocionante e, de certa forma, até um pouco pesado.

Como é típico em jogos do gênero metroidvania, o jogador tem um mapa totalmente interligado à sua disposição com presença de áreas secretas, mas não consegue acessar de cara todas as localidades, seja pela falta de habilidades ou pela necessidade de coletar alguns itens. Ao matar inimigos recebemos pequenas esferas de luz espiritual que vão preenchendo uma barra até se transformar em um ponto de habilidade. Essa barra também pode ser enchida com receptáculos pequenos de luz espiritual que estão espalhados pelo mapa. A árvore de habilidades do jogo é dividida em três categorias: combate, utilitárias e de eficiência. Há ainda uma segunda categoria de atributos que são adquiridos de acordo com o avanço na história, para isso basta encontrar as Árvores Ancestrais e absorver a luz que há nelas.

Além dos receptáculos pequenos de luz espiritual, existem outros itens espalhados pelos cenários, como células de vida, células de energia, fragmentos de pedra do mapa e pedras fundamentais. As células de vida, como o próprio nome sugere, são a quantidade de vezes que Ori pode sofrer danos sem morrer. As células de energia servem para criar um elo da alma (que nos permite salvar o progresso e acessar a árvore de habilidades), causar danos nos inimigos, coletar alguns itens e abrir passagem em certos trechos das fases. A pedra do mapa, quando devolvida ao seu local, mostra o mapa completo da região que está sendo explorada, podendo também revelar a localização de alguns itens dependendo das habilidades desbloqueadas. Por fim, as pedras fundamentais são necessárias para abrir os portais espirituais presentes em várias partes do game, algo essencial para progredir na história.

Os elos da alma podem ser criados quase que em qualquer parte do mapa, as exceções são as pequenas batalhas de chefes, alguns locais com solo instável ou um grande número de inimigos e durante as corridas contra o tempo. Com eles podemos planejar melhor como avançar na aventura, criando nossos próprios checkpoints. Sempre que um novo elo da alma é feito, o elo anterior desaparece. A localização do elo da alma pode ser visualizada no mapa, assim como outros elementos do jogo. Outro lugar que possibilita o salvamento e dá acesso à árvore de habilidades são as fontes espirituais, onde também é possível fazer viagens rápidas entre as várias regiões do game. Para facilitar um pouco nossa vida (em razão das inúmeras mortes que sofremos), é possível encontrar com facilidade células de vida e células de energia interagindo com os cenários e matando inimigos.

Em Ori and the Blind Forest somos obrigados a aprender com nossos erros. Ao iniciar o jogo, é possível escolher quatro níveis de dificuldade: fácil, normal, difícil e uma vida. Jogando na dificuldade normal, enfrentei alguns momentos mais complicados, principalmente nas corridas contra o tempo, quando temos que decorar o caminho a ser percorrido. Olhando para todas as áreas, considero que o game apresenta um grau de desafio adequado e justo, não sendo muito fácil e nem chegando a ser frustrante. A sensação de prazer ao superar uma área mais difícil é muito boa.

Em termos visuais, o título dispensa qualquer tipo de comentário. Os gráficos são simplesmente deslumbrantes e encantarão qualquer jogador. Percebe-se o alto cuidado e detalhamento que foi empregado na construção dos cenários, inimigos e nas animações do personagem que protagoniza o jogo. A experiência é completada com uma belíssima trilha sonora, que apresenta boas variações conforme as situações que são vivenciadas.

Ori and the Blind Forest: Definitive Edition foi lançado em 2016 para Xbox One e Windows; em 2019 o jogo chegou ao Nintendo Switch. Esta análise foi feita com base na versão de Xbox One.

Considerações finais
Incrível talvez seja o melhor termo para resumir Ori and the Blind Forest em uma única palavra. Com uma excelente jogabilidade, o game tem o cuidado de fazer com que usemos ao máximo todas as mecânicas desbloqueadas. A cada nova área os desafios são diferentes, novos inimigos são apresentados e precisamos descobrir como lidar com tudo isso com base na tentativa e erro. Desafiador na medida certa, o título conta com uma boa quantidade de segredos espalhados pelo mapa e revisitar áreas exploradas anteriormente sempre é uma boa escolha.

O jogo é uma obra de arte em todos os sentidos. Quando você para e pensa que se trata de um game feito por um estúdio independente, tudo fica ainda mais impressionante. É nítido o cuidado que os desenvolvedores do Moon Studios tiveram ao criar cada área do jogo, o que acaba tornando Ori and the Blind Forest um dos melhores metroidvanias dos últimos anos. É definitivamente um título que eu recomendaria para qualquer jogador, ainda que ele não curta muito esse gênero.

Nota
★★★★★ – 5 – Excelente

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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