Análise da série Paradise (1ª temporada)

Sabe aquele tipo de série que constantemente consegue nos surpreender com algo? Paradise se encaixa bem nessa premissa, por isso tomarei cuidado com as palavras que utilizarei nesta análise, afinal, não quero comprometer a experiência de quem não assistiu a primeira temporada. Quando comecei a ver a atração, achei que estava acompanhando só mais um drama político, porém fui pego completamente de surpresa com um fato revelado no final do episódio de estreia, algo que mudou completamente a minha perspectiva sobre os acontecimentos que viriam a seguir.

A série inicia nos apresentando o agente Xavier Collins (Sterling K. Brown), integrante do Serviço Secreto e líder da equipe responsável pela segurança do presidente dos Estados Unidos, Cal Bradford (James Marsden). Depois de realizar sua corrida matinal e tomar café junto com os filhos, Xavier chega à Casa Branca para dar início a mais um dia de trabalho. Algo, porém, estava fora do comum: já eram quase oito horas da manhã e o presidente ainda não havia levantado. Collins então vai até o quarto de Cal verificar se estava tudo certo. Após bater na porta e não obter resposta, ele decide entrar e encontra o presidente no chão com uma grande mancha de sangue próxima à cabeça. Verificando o pulso, o agente constata que seu chefe havia falecido.

As coisas começam a ficar mais intrigantes quando Xavier descobre que as câmeras de segurança da Casa Branca ficaram congeladas por mais de uma hora na noite anterior. Como se a situação já não estivesse ruim o suficiente, Billy (Jon Beavers), o agente responsável pela segurança noturna, estava dormindo no sofá justamente durante esse intervalo, ou seja, qualquer um poderia ter entrado e saído sem que fosse notado. Como Collins foi a última pessoa a ver o presidente vivo, ele se torna uma peça central no caso. Uma investigação é instaurada para tentar descobrir o que aconteceu e quem assume o comando é a agente Robinson (Krys Marshall), que era amante de Bradford e havia tido um encontro com ele na noite anterior, quando o sistema de segurança ainda estava funcionando. Percebe como as coisas vão se tornando cada vez mais complexas? Isso contribui para nos prender à trama e despertar um sentimento de curiosidade em querer saber o que vem adiante.

Outra personagem que desempenha um papel primordial na narrativa é Samantha (Julianne Nicholson), também conhecida como Sinatra, uma mulher muito rica e bastante influente na sociedade, o que lhe garante fácil acesso ao presidente. Após o assassinato do líder dos EUA, Sinatra participa da investigação que objetiva descubrir quem foi o responsável pelo crime, além de preparar o terreno para o sucessor de Bradford. No decorrer dos episódios, percebemos que ela é alguém que gosta de estar no controle da situação e não hesita em agir quando se sente ameaçada.

Paradise explora o passado dos personagens fazendo constantemente uso de flashbacks. É assim que conhecemos melhor o protagonista, sua família e os motivos que o levaram a ser escolhido para integrar a equipe de segurança de Bradford. Collins parecia ter uma boa relação com seu chefe, mas uma cena da noite anterior ao assassinato revela que o agente estava ressentido com o presidente. Os motivos disso ficam claros ao longo dos episódios e geram alguns desdobramentos bastante interessantes, incluindo um gancho para a próxima temporada. Também descobrimos detalhes sobre a vida de Sinatra, incluindo um drama familiar por ela vivido e os passos que a levaram a ser alguém tão importante.

Criada por Dan Fogelman, a série tem uma proposta até interessante, mas se perde um pouco ao tentar tornar sua trama mais complexa do que ela é. Após o ótimo capítulo de estreia, a atração se propõe a aprofundar os elementos de ficção científica ao mesmo tempo que retrata uma investigação de homicídio, o que gera um desenvolvimento lento do enredo, embora haja algumas reviravoltas interessantes. Paradise volta a ganhar gás com o excelente sétimo episódio, o melhor da temporada de estreia. O capítulo final nos entrega algumas das respostas que esperávamos, mas certas coisas acabam soando estranhas, como o fato de uma rebelião ser desmobilizada sem grandes questionamentos por parte daqueles que estavam envolvidos no movimento; a sensação que fica é que os personagens são facilmente manipuláveis. A decisão tomada por Xavier no encerramento é clichê e até carece de lógica se analisarmos friamente a situação.

Considerações finais

Paradise consegue chamar a atenção logo nos seus primeiros minutos com os fatos relacionados à intrigante morte do presidente dos Estados Unidos. Conforme vamos conhecendo o universo da série, descobrimos que o enredo vai além de um drama político com pitadas de investigação criminal, tendo um mistério ainda maior para ser explorado. A premissa é bem interessante, mas a execução em alguns momentos deixa a desejar, graças ao desenvolvimento lento na parte intermediária da temporada e algumas escolhas narrativas na reta final que parecem não fazer muito sentido.

Sterling K. Brown desempenha um papel brilhante interpretando o protagonista de Paradise, alguém marcado profundamente por fatos do passado; mesmo sem dizer uma palavra, os olhares de Brown são capazes de transmitir os sentimentos do protagonista. James Marsden é outro que se destaca sempre que está em cena, assim como Julianne Nicholson, que dá vida a uma personagem cheia de camadas. Além deles, os demais integrantes do elenco também desempenham ótimas atuações. Com muitas perguntas para serem respondidas, ao que tudo indica a série abordará com maior intensidade o seu lado de ficção científica na segunda temporada.

★★★☆☆Bom
Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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