Análise da série American Crime Story (2ª temporada) – The Assassination of Gianni Versace

Gianni Versace (Edgar Ramírezas) foi um famoso estilista morto na porta de sua casa, em Miami Beach, por Andrew Cunanan (Darren Crissas). Antes de assassinar Versace, Andrew já havia vitimado outras quatro pessoas e figurava na lista dos mais procurados pelo FBI. A segunda temporada de American Crime Story, série antológica do canal estadunidense FX, busca mostrar como Cunanan se tornou um criminoso e quais teriam sido os motivos que o levaram a cometer cinco homicídios.

Andrew tinha uma vida economicamente estável, mas o seu núcleo familiar era repleto de problemas. Seu pai, Modesto (Jon Jon Briones), agredia sua mãe, que aparentava ter algum problema mental. Andrew recebia um tratamento diferenciado por parte do pai em relação aos outros irmãos, tendo ganhado tudo o que quis. Apenas para exemplificar, quando era apenas uma criança seu genitor lhe deu um carro de presente. A série, no oitavo episódio, chega até mesmo a insinuar que Modesto abusava sexualmente do filho. A vida de Andrew muda quando seu pai foge para as Filipinas após ter cometido crime financeiro nos Estados Unidos; Modesto foi embora deixando a família completamente desamparada economicamente. Para ajudar com as contas em casa, Andrew chega até a trabalhar em uma farmácia.

Partindo para o presente, o protagonista encontra-se mergulhado na prostituição e no uso de drogas. Logo percebemos o quanto ele era uma pessoa infeliz. Tudo o que o personagem queria era ser notado e lembrado pelas pessoas, mas sua vida medíocre não lhe rendia muito futuro. Extremamente inteligente e com uma grande facilidade em inventar histórias sobre sua vida, Andrew sonhava em ser uma pessoa bem-sucedida, mas acabava sendo vítima de suas próprias mentiras. Suas frustrações pessoais levaram-no a cometer todos crimes de homicídios.

Diferente da primeira temporada, que tinha uma linha temporal em sequência, The Assassination of Gianni Versace tem um roteiro que anda para trás, buscando explorar a vida de Andrew e do próprio Versace, ainda que no caso do último de forma mais discreta. No começo é normal que surjam dúvidas, mas com o passar dos episódios os fatos vão se encaixando e formando a narrativa da série.

Preciso falar um pouco sobre a proposta do segundo ano de American Crime Story. O subtítulo da série, The Assassination of Gianni Versace (O Assassinato de Gianni Versace), pode levar a uma interpretação equivocada sobre o conteúdo dos episódios, uma vez que retrata apenas último passo de Andrew Cunanan; algo como o “o assassino de Gianni Versace” certamente soaria melhor, já que Andrew é o protagonista, e não Versace. É por esse motivo que Versace tem uma participação reduzida na atração: a ideia não era contar a história de sua vida, mas sim os eventos que levaram ao seu assassinato.

Considerações finais
Diferente da primeira temporada, The Assassination of Gianni Versace deu aos roteiristas e produtores uma maior liberdade criativa para elaborar fatos e diálogos relacionados com os homicídios cometidos por Andrew. De resto, os principais acontecimentos da série são baseados em fatos reais e reportagens investigativas. O resultado é uma história bem contada, com uma belíssima direção de arte e caracterização dos personagens e ambientes muito bem feitas. Um dos objetivos da atração é mostrar a falha da polícia estadunidense em conseguir capturar Andrew antes que ele matasse Versace: o protagonista ficou escondido em Miami Beach por cerca de dois meses, planejando calmamente a execução do estilista.

Darren Crissas fez um trabalho excepcional interpretando Andrew Cunanan: o ator realmente encarnou o personagem, o que lhe rendeu vários prêmios. No geral, todo o elenco foi bem escolhido e realiza trabalhos convincentes. Assim como a temporada de estreia abordou questões sociais, aqui não é diferente: a série busca mostrar os dilemas enfrentados por homossexuais no final do século XX, inclusive na marinha dos EUA. Cunanan já era procurado pela polícia em razão das mortes de seu amigo Jeffrey Trail (Finn Wittrockas) e do seu ex-namorado David Madson (Cody Fernas), mas somente quando o magnata Lee Miglin (Mike Farrell) foi morto é que ele passa a figurar na lista dos dez fugitivos mais procurados do FBI. A morte de suas duas primeiras vítimas não ganhou atenção da polícia por serem os dois homossexuais? Este é um dos questionamentos propostos pela produção.

Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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