Análise do jogo Horizon Zero Dawn


Exilada pela tribo dos Nora desde o seu nascimento, Aloy foi acolhida e criada por Rost, que lhe ensinou a caçar e a sobreviver em um mundo pós-apocalíptico dominado por máquinas. A jovem sempre quis saber informações sobre o seu passado, mas como Rost também era um exilado, ele não podia ajudá-la com essa questão. A melhor chance de obter as respostas que almejava era participar da Provação: caso vencesse o desafiador ritual Nora, além de ser aceita como um membro da tribo, pela tradição as Matriarcas lhe concederiam a realização de um desejo. Com isso em mente, a personagem passou anos de sua vida se preparando para a competição.

Na véspera da Provação, Aloy adentra na tribo dos Nora e se depara com uma realidade completamente diferente daquela com a qual estava habituada, oportunidade em que começa a conhecer os conflitos existentes entre os povos da região. Tudo parecia estar ocorrendo dentro do esperado, mas instantes depois da  personagem vencer a competição, o local é atacado por um grupo de cultistas. Após esse trágico evento, ela consegue obter alguns detalhes sobre o seu nascimento, mas diante das novas circunstâncias, era preciso ir atrás de outras informações para compreender tudo o que estava acontecendo. Esse é o ponto de partida para Aloy iniciar uma jornada repleta de descobertas e reviravoltas.

Horizon Zero Dawn conta com uma história interessante e que constantemente nos surpreende com novas informações. Ao mesmo tempo que nos revela o que aconteceu com as civilizações no passado e por qual motivo as máquinas se espalharam pelo planeta, o jogo desenvolve questões relativas ao presente. Conhecendo pessoas e investigando instalações antigas, a protagonista logo percebe que o seu propósito é maior do que o que ela esperava: a vida das futuras gerações depende de suas ações. 

A narrativa é bem construída, mas houve momentos em que fiquei um pouco confuso com o grande número de informações que me era transmitido sobre os fatos ocorridos no passado. Sem entrar em muitos detalhes, os humanos trabalharam em um projeto que possuía várias ramificações, e entender e se lembrar dessas minuciosidades é fundamental para uma compreensão mais ampla do enredo. Arquivos de áudio e de textos, alguns bem longos por sinal, até tentam contextualizar os acontecimentos, mas não acho que essa tenha sido a melhor das escolhas, já que muitas das vezes isso até representa uma quebra de ritmo. Uma espécie de compilação de dados no menu com os pontos principais talvez fosse uma boa forma de contornar esse problema. Essa é apenas uma observação de alguém que gosta de saber todas as peculiaridades de uma história, talvez para outros isso não faça grande diferença.

Assumindo o controle de Aloy, temos a liberdade de explorar um mundo aberto rico em detalhes e recheado de surpresas. A protagonista é extremamente carismática, o que nos faz criar uma rápida identificação com ela. Para progredir na aventura, reiteradamente fazemos uso do foco, um dispositivo de realidade aumentada que Aloy encontrou no interior de uma instalação dos povos antigos quando era criança. Com o foco conseguimos ter acesso a informações importantes, como os pontos fracos e vulnerabilidades das máquinas, além de poder interagir com tecnologia do passado, resolvendo puzzles e obtendo acesso a registros em texto e áudio. Também é por meio do foco que Aloy conhece e mantém contato com Sylens, personagem que a auxilia durante a jornada.

A forma com que a protagonista interage com as máquinas é um dos principais aspectos de Horizon Zero Dawn. Em determinado ponto da narrativa, Aloy descobre uma maneira de converter algumas dessas criaturas, o que abre um leque de novas opções de jogabilidade: é possível fazer com que elas briguem entre si e utilizar algumas espécies como se fossem cavalos, facilitando os deslocamentos pelos ambientes. Visitando os Caldeirões, instalações em que as máquinas são produzidas, podemos desbloquear novos tipos de conversões. Já escalando os Pescoções conseguimos revelar áreas no mapa, mecânica muito parecida com os pontos de observação nos jogos da franquia Assassin’s Creed.

Algo que gostei muito foi o sistema de diálogos: ele te permite ir direto ao ponto, mas também dá opções que possibilitam uma melhor compreensão dos acontecimentos que estamos vivenciando. Em momentos específicos, Aloy pode fazer escolhas emocionais, ocasião em que precisamos escolher uma entre três opções: confrontar, adotar uma postura inteligente e menos óbvia ou demonstrar empatia. Embora isso não altere profundamente os rumos da trama, essa é uma maneira legal de criar um vínculo maior entre o jogador e o enredo. Outro ponto que vale ser mencionado são as missões secundárias: elas possuem profundidade e não se limitam a busca de itens ou realização de ações repetitivas.

Incorporando vários elementos de RPG, o título tem a jogabilidade como um dos seus principais destaques. Em boa parte do game podemos escolher se iremos agir de forma furtiva ou não; é perceptível que os cenários foram criados já pensando nessa liberdade de decisão. Seja qual for a escolha, há uma variedade de opções à nossa disposição. Tanto no combate quanto nos momentos de escalada, os comandos funcionam extremamente bem.  À medida que completamos missões, objetivos secundários e derrotamos oponentes, ganhamos experiência, subimos de nível e recebemos pontos para desbloquear habilidades. Coletando itens específicos podemos aumentar a capacidade do inventário e adquirir novos equipamentos. Das opções disponíveis no arsenal, a única com a qual não me adaptei bem foi o arco de precisão, que muitas das vezes não me entregou os disparos certeiros que eu esperava.

No tocante a inteligência artificial dos inimigos, ela funciona bem nas máquinas, mas deixa um pouco a desejar nos humanos. Ao nos detectarem, as criaturas metálicas não hesitam em atacar, proporcionando ótimos momentos de combate, mesmo que em algumas circunstâncias os movimentos sejam previsíveis. Já com relação aos humanos, o combate corpo a corpo é simples e há casos em que os inimigos que estão em uma distância maior ficam parados ou apresentam movimentações limitadas. Ainda falando dos combates, as batalhas contra os chefes possuem maior dificuldade e vencê-las sempre gera um grau de satisfação. No geral, encarando missões de acordo com o nível indicado pelo próprio jogo, não tive grandes problemas para alcançar os objetivos.

Quando comecei Horizon Zero Dawn, uma das primeiras coisas que me chamaram a atenção foram os belíssimos cenários do game, que ficam ainda mais incríveis com o clima dinâmico. A Guerrilla Games fez um trabalho primoroso nesse aspecto, criando ambientes detalhados, cheios de vida e com segredos para serem encontrados. Conforme percorremos o mapa, nos deparamos com regiões completamente distintas, seja devido as culturas dos povos locais ou as características próprias de cada bioma. O que fica um pouco abaixo são os rostos e as animações de alguns personagens, mas de forma alguma isso é algo que interfere na experiência. Junto com a parte visual, temos uma trilha sonora muito boa e que combina com aquilo que estamos vivenciando. Os efeitos sonoros são de qualidade e contribuem para uma maior imersão. Destaco também o excelente trabalho da equipe de dublagem brasileira.

Durante as mais de 60 horas que passei jogando, não enfrentei nenhum tipo de problema técnico ou de desempenho. O game está muito bem otimizado, o que fez com que eu alcançasse uma média de 105 fps em uma RTX 3060. Levando-se em conta que se trata de um jogo de mundo aberto, ocasionalmente me deparei com pequenos bugs, mas nada que afetasse a jogabilidade.

Além do jogo base, temos o DLC The Frozen Wilds, que nos leva até às gélidas terras da tribo Banuk, onde encontramos um novo tipo de ameaça, armas inéditas e novas espécies de máquinas. Contando com uma história muito interessante, o complemento proporciona variações no gameplay e amplia a exploração do rico universo do game.

Lançado originalmente em 2017, Horizon Zero Dawn está disponível para PlayStation 4 e PC. Esta análise foi feita com base na versão de PC.

Especificações do computador utilizado para a análise: Ryzen 7 5700X, RTX 3060 12 GB, 32 GB de memória RAM DDR4 3200Mhz.


Considerações finais
É perceptível que Horizon Zero Dawn é um jogo que bebeu de várias fontes, e não há nada de errado nisso. Mais do que simplesmente replicar ideias de outros títulos, a Guerrilla buscou criar uma identidade própria para a sua obra. Como resultado, temos um game que oferece várias horas de diversão graças a sua jogabilidade dinâmica e narrativa que a todo momento nos instiga a querer saber mais sobre o seu universo. O carisma de Aloy é outro ponto que vale ser destacado: grandes histórias geralmente são acompanhadas de personagens marcantes, e aqui não é diferente.

Se por um lado o título se destaca por todas as mecânicas relacionadas às máquinas, esse mesmo brilho não é visto nos combates contra os humanos. Ademais, houve um ponto do enredo que acredito que poderia ter sido melhor trabalhado, conforme mencionei anteriormente. Esses são dois pontos que, se fossem melhorados, fariam de Horizon Zero Dawn um jogo mais incrível do que ele já é. Contando com um belo visual, o game proporciona uma experiência agradável, divertida e equilibrada.

Nota
★★★★☆ - 4 - Ótimo


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Herbert Viana

Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV". twitter

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