Análise do jogo Horizon Forbidden West


Atenção! O texto a seguir contém spoilers do jogo Horizon Zero Dawn.

Aloy nasceu quase mil anos após máquinas militares que se alimentavam de biomassa saírem do controle e acabarem com a vida no planeta Terra. Prevendo a catástrofe que estava por vir, a cientista Elisabet Sobeck desenvolveu um sistema de terraformação controlado por uma inteligência artificial super avançada chamada GAIA, que seria responsável por recriar o mundo. Em Horizon Zero Dawn descobrimos que Aloy é um clone de Elisabet e nasceu para impedir que uma nova extinção acontecesse no planeta depois que Hades, uma das funções subordinadas de GAIA, foi infectado por um sinal desconhecido. A guerreira ruiva conseguiu evitar que o pior acontecesse, mas ao contrário do que imaginava, sua missão estava apenas começando.

No início de Horizon Forbidden West somos apresentados aos novos problemas que a protagonista encontra em sua jornada: o sistema de terraformação está descontrolado e aos poucos tem provocado a morte da vida natural. Como GAIA se auto destruiu após Hades ser corrompido, Aloy inicia uma corrida contra o tempo para tentar encontrar um back-up da inteligência artificial. Tendo passado alguns meses sem fazer progresso, a jovem consegue fazer contato com Sylens e logo percebe que seria necessário desbravar o Oeste Proibido em busca de novas informações. O problema é que grande parte dessa região é controlada pelos Tenakth, uma tribo de guerreiros ferozes que costuma controlar bem as suas fronteiras. Para avançar, Aloy precisa novamente lidar com problemas dos povos locais, oportunidade em que conhecemos novos detalhes sobre o universo do game. Conforme avançamos na história, entramos em contato com outros grupos instalados no ocidente, alguns com culturas bem peculiares.

Em termos narrativos, Horizon Forbidden West expande de forma surpreendente o universo que foi introduzido por seu antecessor. Lidando bem com o presente o passado, no processo de tentar recuperar GAIA um terceiro elemento surge nessa equação: um grupo de pessoas com tecnologia extremamente avançada, representando um ponto de desequilíbrio quando comparado com as técnicas rudimentares utilizadas pela protagonista e as demais pessoas do seu tempo. Foi nesse instante que o jogo me fisgou de vez, principalmente pela ousadia narrativa que passou a apresentar a partir desse ponto. Enquanto Sylens passa a ter uma presença mais tímida em razão de alguns acontecimentos, temos uma imersão muito grande em GAIA e suas subfunções e descobrimos novas informações sobre a figura de Elisabet Sobeck.

Ao longo de sua jornada, Aloy contará com a ajuda de rostos já conhecidos e novos aliados. As interações que a protagonista tem com essas e outras pessoas estão mais profundas, graças às conversas com maior grau de profundidade. Isso reflete nas missões secundárias: algumas parecem até principais em razão da complexidade. O refinamento na escrita é responsável por fortalecer os vínculos e consequentemente aumenta a importância dos demais personagens e dos antagonistas na trama. Isso dá um maior peso nas escolhas que precisamos fazer, embora não haja muito desses momentos.

Se Horizon Zero Dawn foi uma ótima forma de iniciar uma franquia, sua sequência pega tudo o que deu certo anteriormente e adiciona elementos. Ainda falando do enredo, um dos pontos que senti falta na primeira aventura de Aloy foi um recurso no menu que apresentasse uma compilação de dados resumida sobre determinados pontos da história, devido ao grande volume de informações que muitas das vezes era repassado ao jogador em um curto espaço de tempo. Com Forbidden West, a Guerrilla Games criou uma seção no menu apresentando uma biografia dos personagens e das IAs do jogo, o que é um recurso muito bem-vindo para as pessoas que, assim como eu, gostam de explorar ao máximo as narrativas.

Outro ponto de destaque são as novidades presentes na jogabilidade. Além das armas, melhorias e novos recursos, duas ferramentas inéditas muito úteis são o lança-gancho e o planador: ambas facilitam o deslocamento, cada uma da sua forma, sendo o lança-gancho também útil para abrir caminhos bloqueados. Já com relação a exploração e locomoção, Aloy tem mais liberdade durante as escaladas, que desta vez não se limitam a pontos em que há algum tipo de apoio, e agora consegue mergulhar, abrindo um novo campo de possibilidades. Já na reta final a personagem adquire a capacidade de converter Heliodos, permitindo percorrer o mapa montado em uma máquina voadora. Em todos esses casos, as mecânicas funcionam extremamente bem, proporcionando um gameplay fluido e divertido.

O combate corpo a corpo simplório de Zero Dawn deu lugar a confrontos mais desafiadores. Além do aprimoramento na inteligência artificial, os inimigos humanos estão mais fortes e melhores equipados, dando um trabalho maior ao jogador. Por meio da árvore de habilidades, desbloqueamos sequências de golpes para utilizar contra os oponentes, o que mostra que os desenvolvedores buscaram evoluir esse aspecto no game. Já os embates contra as máquinas continuam excelentes: como existem muitas novas espécies, é preciso compreender cada uma para adotar abordagens efetivas. Os confrontos contra os chefes são desafiadores, mas justos; tive uma dificuldade maior apenas na batalha final e conseguir superá-la foi algo extremamente prazeroso.

Tanto em Horizon Forbidden West quanto no seu antecessor, coletar itens do cenário é essencial. Acontece que em Horizon Zero Dawn Aloy tinha um inventário limitado, o que muitas das vezes nos obrigava a abrir mão de algo para poder coletar outra coisa. Agora, quando a bolsa da personagem fica cheia, aquilo que recolhemos é automaticamente transferido para o depósito. Essa foi uma mudança que considero ser importante, uma vez que os recursos também são utilizados nas melhorias de armas e trajes. Isso evita que desperdicemos um item que pode posteriormente fazer falta. Os depósitos geralmente ficam localizados nos povoados e nele podemos recuperar itens individualmente e reabastecer os recursos. Tivemos também novidades no foco, que está mais ágil em destacar pontos de interesse e permite uma melhor análise das partes de um inimigo, podendo, inclusive, destacá-las durante os combates. A possibilidade de realizar viagens rápidas entre as fogueiras já descobertas de forma irrestrita foi outro acerto.

O sistema de progressão segue o game anterior: para subir de nível é necessário acumular experiência realizando missões e eliminando inimigos. Ao ganhar pontos de habilidade, podemos melhorar as ações de Aloy em seis categorias: guerreira, emboscada, caçadora, sobrevivente, sabotadora e maquinista. Dentre várias opções, podemos desbloquear habilidades específicas de armas e impulsos de bravura, que podem ser ativados quando as barras de vigor e bravura estiverem preenchidas, respectivamente. No caso das armas, liberamos novos tipos de disparos, enquanto o impulso de bravura, que só podemos equipar um por vez, concede a protagonista habilidades poderosas por tempo limitado. Com um vasto arsenal disponível, o jogador tem maior liberdade de decidir se irá partir para o confronto ou agir de forma furtiva.

Algo que notei é que a Guerrilla também ressignificou algumas mecânicas do título anterior. Escalar os pescoções, por exemplo, agora não depende exclusivamente de encontrar algum lugar alto para realizar o salto, geralmente é necessário resolver algum puzzle e lidar com as outras máquinas que estão na região. Já as flores metálicas, que eram colecionáveis em Horizon Zero Dawn, aqui removem as eras que bloqueiam certos caminhos. Em boa parte do jogo não conseguimos interagir com as flores metálicas, é preciso chegar até um ponto da história para liberar essa função. Já que mencionei os coletáveis, pelo oeste proibido podemos encontrar caixas-pretas, módulos de drone de vigilância e relíquia de ruínas, além de panoramas.

Com relação aos elementos audiovisuais, tenho apenas elogios a Horizon Forbidden West. Visualmente o jogo é belíssimo, com cenários bem trabalhados e ambientes ricos em detalhes. Tal como em Zero Dawn, percorrendo o mapa encontramos uma variedade de biomas, cada um com suas características e espécies próprias. Nota-se um avanço na construção dos personagens secundários e nas suas animações faciais, da mesma forma que a caracterização de Aloy impressiona pelo nível de qualidade: é perceptível que houve melhorias no rosto e no cabelo da protagonista. A trilha sonora é excelente e complementa bem a experiência, enquanto os ótimos efeitos sonoros possuem uma grande importância para a imersão. A dublagem brasileira novamente merece ser ressaltada, mas notei que houve problemas de mixagem: alguns personagens tem falas muito baixas, inclusive nas cenas, destoando dos demais.

Durante a jogatina, não presenciei nenhum tipo de problema técnico ou de performance. Desde o lançamento no PC, o título já recebeu algumas atualizações visando a correção de pequenas falhas e bugs. Jogando com uma RTX 3060, consegui uma média de 60 fps: no gameplay não houve grandes variações na taxa de quadros, mas nas cenas havia uma queda, o que felizmente não comprometia a experiência e já foi corrigido.

Horizon Forbidden West foi originalmente lançado para PlayStation 4 e PlayStation 5 em 2022 e chegou ao PC em março de 2024. Esta análise foi feita com base na versão de PC com uma cópia fornecida pela equipe da PlayStation Brasil.

Especificações do computador utilizado para a análise: Ryzen 7 5700X, RTX 3060 12 GB, 32 GB de memória RAM DDR4 3200Mhz.


Considerações finais
Com novas mecânicas de gameplay e uma história mais profunda e ousada, Horizon Forbidden West entrega tudo o que se espera de uma sequência. A aventura de Aloy pelo oeste proibido nos leva a uma jornada repleta de mistérios, desafios e reviravoltas surpreendentes. No trabalho de novamente tentar salvar o mundo, a jovem ruiva encara questões ainda mais complicadas e se depara com uma situação que foge totalmente do seu controle, nos dando uma prévia do que encontraremos no terceiro jogo da franquia.

Junto com a trama rebuscada, a Guerrilla implementou diversas modificações na jogabilidade, proporcionando ao jogador uma maior liberdade e lhe oferecendo recursos para definir bem as estratégias. As melhorias de armas, trajes e bolsas incentivam a exploração, momento em que fica evidente como o título sabe fazer um bom uso do seu mundo aberto. Com missões secundárias mais profundas e diversas tarefas para serem concluídas, Horizon Forbidden West é garantia de diversão por uma quantidade considerável de horas.

Nota
★★★★★ - 5 - Excelente


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Herbert Viana

Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV". twitter

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