Análise do jogo The Walking Dead


Em 2003, Robert Kirkman publicava o primeiro volume de uma história em quadrinhos que entraria para a história do entretenimento. O sucesso de The Walking Dead foi tão grande que uma série baseada nas HQs foi lançada em 2010 pela emissora AMC. Dois anos depois, a Telltale Games levou o universo do apocalipse zumbi para os games, lançado um jogo composto por cinco episódios principais e um episódio extra.

Ao contrário das HQs e da série de TV, não espere ver aqui Rick e o seu grupo de sobreviventes (apesar de três personagens da série terem aparecido no game: Hershel Greene, Shawn Greene e Glenn Rhee). Ambientado no mesmo universo ficcional, o game conta com uma história completamente nova, nos apresentando a uma série de personagens inéditos. Kirkman monitorou o desenvolvimento do título e deu liberdade para que a Telltale criasse sua própria trama. Aqui, a narrativa gira em torno de dois personagens principais, Lee Everett e a pequena Clementine.

O game inicia com o professor Lee Everett sendo conduzido em uma viatura policial para uma penitenciária. No trajeto, a grande quantidade de carros de polícia e um helicóptero deslocando em sentido contrário indicavam que alguma coisa havia acontecido. Enquanto conversava com Lee, o policial que estava dirigindo o carro acabou se distraindo no volante e provocou um acidente. Depois de ficar desacordado por um tempo, Lee acorda em um mundo infestado por zumbis. Ferido e sem entender o que estava acontecendo, ele decide ir pedir ajudar a alguém que ele avistou a alguns metros de distância.

Chegando em uma casa, Lee acaba encontrando Clementine, uma criança que aguardava o retorno dos pais, que estavam viajando. As mensagens na secretária eletrônica não continham bons indícios. Clementine se escondeu na casa da árvore depois que a pessoa que tinha ficado responsável por cuidar dela havia se transformado em zumbi. Como Lee e Clementine agora estavam sozinhos, os dois se unem para tentar sobreviver no meio de todo o caos que foi instaurado nas redondezas. A relação que surge entre os dois personagens é o ponto mais alto do enredo do jogo, assim como a evolução que Clementine tem diante de uma série de eventos chocantes que ela é obrigada a presenciar. A menina do final do episódio cinco é totalmente diferente daquela que aparece no começo do game.

Em diversos momentos o jogador é obrigado a fazer escolhas difíceis e que mudam o rumo da narrativa, sejam por meio de respostas a diálogos ou em prática de ações. É natural que durante a aventura haja maior simpatia com alguns personagens, da mesma forma que faltará empatia com muitos outros. O tom dramático da história é excelente, melhor inclusive do que aquele visto na série de TV: é comum que o jogador se depare com situações em que duas pessoas estão em perigo, mas só é possível praticar uma única ação. O detalhe é que não há muito tempo para pensar e uma escolha precisa ser tomada em frações de segundos. O mesmo se repete nos diálogos: se dentro do prazo determinado não houver uma interação, isso também é considerado um tipo de escolha que pode desencadear consequências no futuro.

The Walking Dead é um adventure point and click, ou seja, para avançar na história é necessário interagir com as pessoas e objetos espalhados pelo ambiente. Com o analógico esquerdo controlamos o personagem, ao passo que interagimos com objetos e escolhemos as frases nos diálogos por meios dos botões A, B, Y e Z (no caso do Xbox). Existem também trechos em que precisamos usar o analógico esquerdo em momentos de perigo, na maioria das vezes para pegar algum objeto e golpear os zumbis. Há ainda momentos específicos de quick time event, quando o jogador precisa apertar rapidamente o botão que aparece na tela.

O jogo apresenta uma visão em câmera fixa, que muda a perspectiva do cenário conforme você anda pelas áreas disponíveis. O estilo visual é bonito e lembra desenhos feitos à mão, o que remete aos quadrinhos. A trilha sonora é discreta e cumpre bem o seu papel nos momentos de maior tensão. Vencedor do prêmio de jogo do ano no Video Game Awards 2012The Walking Dead tinha tudo para entregar uma excelente experiência, mas acabou derrapando em um elemento extremamente importante: a performance. Durante minhas jogatinas, me deparei com diversos travamentos. Não é algo que afeta profundamente na experiência, mas dependendo do momento pode atrapalhar o jogador, obrigando-o a repetir determinado trecho do game. Infelizmente o jogo não está disponível em português.

Com episódios lançados entre abril e novembro de 2012, The Walking Dead está disponível para Windows, macOS, Xbox 360, PlayStation 3, iOS, Android, PlayStation Vita, PlayStation 4 e Xbox One. Esta análise foi feita com base na versão do Xbox 360.


Considerações finais
Apresentando uma história extremamente envolvente e dramática, The Walking Dead consegue prender bem a atenção do jogador ao longo dos seus cinco capítulos. Ainda há um episódio bônus, intitulado 400 Days, que oferece ao jogador uma coletânea de pequenas histórias que estão interligadas, apesar de poderem ser jogadas em qualquer ordem.

A jogabilidade é simples e intuitiva. O fato de jogador ser obrigado a fazer escolhas em segundos torna tudo muito mais intenso. Com um visual bonito, o grande problema de The Walking Dead é a sua má otimização, resultando em pequenas travadas durante o gameplay. De qualquer forma, é um jogo recomendável para amantes do gênero point and click e para jogadores que gostam de boas narrativas.

Nota
★★★★☆ - 4 - Ótimo


➜ Você pode ler análises de outros jogos clicando aqui.
Herbert Viana

Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV". twitter

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