Análise do jogo Quantum Break

Depois de passar seis anos fora, Jack Joyce recebe um convite de Paul Serene, seu melhor amigo, para retornar à cidade de Riverport. Conforme tinham combinado, ele se dirige até a Universidade de Riverport, onde reencontra Paul e conhece o projeto em que ele estava desenvolvendo: uma máquina do tempo. Jack até então sabia apenas que seu irmão, Will, tinha trabalhado como cientista e consultor na pesquisa. Os dois possuem uma relação complicada e, ao longo do jogo, entendemos o que aconteceu entre os irmãos.

Paul quer realizar um experimento com o projeto sem que ninguém saiba, razão pela qual eles se encontram na Universidade durante a madrugada. Will aparece de surpresa no momento em que o teste estava sendo realizado, mas já era tarde demais. O experimento acaba dando errado e desencadeia o estado zero, uma ruptura temporal. Instantes depois, a universidade é invadida por agentes da Monarch Solutions, empresa fundada por Paul, que tentam matar Jack e Will. Durante a fuga, ao impedir que seu irmão fosse atingido por tiros, Jack descobre que adquiriu superpoderes durante a explosão (o que também acontece com Paul). Para evitar que as coisas fiquem piores, o protagonista tem como missão ajudar seu irmão a tentar interromper o processo que foi iniciado.

Outra personagem importante na história é Beth Wilder. Sabendo tudo o que ia acontecer, ela procurou Will no passado para que ele trabalhasse em uma medida de resposta para tentar restabelecer o tempo. Todo o mistério por trás de Beth é bem legal, tendo ela se tornado uma das minhas personagens favoritas do game. Atualmente trabalhando na Monarch Solutions, Beth ajudará Jack a tentar reverter a ruptura temporal. A narrativa é sem dúvidas o ponto mais alto de Quantum Break: a princípio, as várias linhas temporais podem parecer um pouco confusas, mas o jogo trata de encaixá-las muito bem conforme você vai progredindo.

O título inicia com Jack concedendo uma entrevista para Clarice Ogawa, funcionária da Monarch Solutions, ocasião em que ele resume boa parte dos acontecimentos da trama. Na sequência, à medida que jogamos, escutamos o protagonista narrar de forma detalhada tudo o que aconteceu. Percorrendo os ambientes encontramos uma vasta quantidade de colecionáveis que ajudam na compreensão do enredo. O jogo também conta com algumas interações chamadas ondulações quânticas, que causam alterações sutis na história.

Na maior parte do game jogamos com Jack Joyce, mas nos momentos em que precisamos fazer escolhas que efetivamente provocam grandes mudanças na história, chamadas de bifurcações, assumimos o comando de Paul Serene. Após cada bifurcação, um episódio da série é desbloqueado. Sim, Quantum Break é uma experiência composta por um jogo e uma série de TV. Os frutos das ondulações quânticas e das escolhas feitas por Paul mudam os acontecimentos na série, que tem como personagem principal Liam Burke (interpretado pelo ator Patrick Heusinger), um integrante da equipe de segurança da Monarch Solutions. A série é muito bem produzida, tendo cada capítulo duração de aproximadamente 25 minutos. O jogo te dá a opção de baixar os episódios ou assisti-los online.

Enquanto joga, você pode andar, correr, pular, dar cover, mirar, atirar e utilizar os poderes (escudo, parar o tempo, esquiva temporal, visão temporal, dentre outros). A movimentação as vezes parece um pouco travada, o que me fez lembrar de Alan Wake, game produzido pelo mesmo estúdio. A mira, em um primeiro contato, gera certa estranheza, mas nada com que o jogador não possa se acostumar. O uso dos poderes certamente é a parte mais legal do gameplay; além do combate, os poderes também são utilizados para resolver pequenos puzzles, que são bem fáceis por sinal. A inteligência artificial dos inimigos não é muito bem apurada: apesar deles se esconderem atrás de objetos, a grande maioria parte para cima de você, sem dar muita importância se você está atirando ou não. O gráfico do jogo é bonito, com destaque especial para os efeitos do tempo. A trilha sonora é muito bem produzida e encaixa-se perfeitamente aos diversos momentos do game. Os cenários apresentam muitas partes destrutíveis, oportunidade em que podemos ver a boa física do jogo em ação.

Em temos de coletáveis, existem objetos de narrativa (o que inclui e-mails; o programa de TV “Night Springs”, um easter egg de Alan Wake; o programa de rádio Riverport de Theresa Sedmak; e outros objetos com os quais você pode interagir), fontes de cronum (que você utiliza para melhorar seus poderes) e as ondulações quânticas que já mencionei acima. Os colecionáveis possuem um propósito específico dentro da campanha, não estando ali apenas para criar um desafio extra para o jogador. Quantum Break pode ser definido como um jogo de ação e de tiro em terceira pessoa, mas boa parte do seu gameplay tem foco na história, ou seja, mais diálogos e análise de cenário do que tiroteios.

Desenvolvido pela Remedy Entertainment, Quantum Break foi lançado para Xbox One e PC em abril de 2016. Esta análise foi feita com base na versão do Xbox One.

Considerações finais
Se você procura um jogo de ação com constantes momentos de tiroteios, Quantum Break pode não ter sido feito para você. O game possui sim os seus trechos de ação, que são bem divertidos, mas o grande foco na narrativa quebra constantemente esse clima. Se não for para curtir a história, é preferível que você procure outra coisa para jogar. Agora, se você é um admirador de jogos com narrativas bem elaboradas, mergulhe fundo, explore cada canto do cenário e tenha paciência para ler os e-mails existentes nos computadores (alguns são realmente muito grandes, o que acaba te desconectando de tudo o que está acontecendo).

A dificuldade do game é bem tranquila, graças aos poderes de Jack. A batalha final, no entanto, é desafiadora, podendo chegar ao ponto de frustrar o jogador (por ter uma dificuldade que destoa do nível de exigência das demais partes do jogo). As escolhas que você realiza nas bifurcações mudam os acontecimentos do jogo e da série, mas o final do game é sempre o mesmo. Misturando gameplay com uma série de TV, Quantum Break entrega uma ótima experiência cinematográfica de ficção científica, com história complexa, personagens marcantes e uma boa jogabilidade.

Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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