Análise do jogo Shadow of the Tomb Raider
Shadow of the Tomb Raider é o capítulo final de uma trilogia que foi iniciada em 2013, quando a franquia Tomb Raider sofreu um reboot. A nova aventura inicia com um flashforward mostrando Lara e Jonah dentro de um avião em queda. Após essa breve cena inicial, assumimos o controle da arqueóloga durante a exploração de uma tumba secreta no México. Não demora muito para um fato inesperado acontecer e quase provocar a morte de Lara e Jonah.
A dupla então vai até Cozumel, também no México, para investigar uma pessoa conhecida como Doutor Domingues, que estaria supervisionando as escavações que a Trindade estava fazendo na área. Durante a celebração do “día de los muertos”, Lara descobre que na verdade Domingues é o líder da Trindade. Ela também toma conhecimento de qual será o próximo passo da organização, fato que a leva a explorar uma caverna onde está escondido um templo subterrâneo. Ao decifrar um pequeno enigma, a protagonista encontra um punhal, conhecido como a chave de Chak Chel. Comunicada por Jonah que guardas da Trindade estavam entrando no local, ela rapidamente retira o punhal da plataforma em que ele estava preso e acaba dando início a uma série de eventos catastróficos.
Mesmo tendo resistido, Lara é capturada pela Trindade. Domingues então toma posse da chave de Chak Chel e fica surpreso ao descobrir que a arqueóloga não estava com a caixa prateada de Ix Chel. Com a chave de Chak Chel e a caixa prateada de Ix Chel, Domingues pretende recriar o mundo, mas sem a caixa, o apocalipse que foi iniciado causará a morte do sol. Com o início da purificação, a única opção que Lara tem para tentar parar os acontecimentos por ela desencadeados é encontrar a caixa antes da Trindade.
A história de Shadow of the Tomb Raider é bem construída e envolve elementos da cultura maia, cristianismo e a colonização espanhola da América Latina. Detalhes sobre o passado de Lara e da organização Trindade são explorados ao longo da progressão da história. Recolhendo alguns coletáveis, descobri que a Trindade é mais antiga do que eu imaginava. Em um momento específico, ainda na parte inicial do título, temos a oportunidade de jogar com Lara ainda criança na mansão Croft, o que acabou sendo uma grata surpresa.
A história possui vários momentos marcantes e conta com ótimas cenas cinematográficas de ação. No gameplay, percebemos claramente que o título mais do que nunca nos incentiva a avançar furtivamente, mas em momento algum força o jogador a adotar esse tipo de abordagem: não há absolutamente nada que nos impede agir de forma agressiva e ir para cima dos inimigos sem nenhum tipo de dó. Dentre as novidades implementadas estão novos modos de execução em stealth, a possibilidade de se lambuzar de lama para criar uma camuflagem e a opção de se esconder em paredes cobertas por arbustos e lama. Outras mecânicas adicionadas estão relacionadas com o machado de Lara: ela agora consegue escalar beirais e fazer rapel. Nos momentos em que está com a corda presa no machado, se estiver próxima de uma parede a protagonista consegue caminhar na estrutura vertical para realizar saltos – movimento que já existia em games anteriores ao reboot e que ainda não tinha sido utilizado na “nova” fase da arqueóloga.
Visualmente, Shadow of the Tomb Raider é um jogo bonito, com cenários muito bem construídos e detalhados. Capricho igual foi tomado na parte sonora, que é simplesmente espetacular. Isso fica bem claro quando andamos pela floresta Amazônica: a biodiversidade do local é retratada com louvor. Com relação à dublagem brasileira, ela mantém o mesmo nível de excelência visto em Rise of the Tomb Raider. Durante minha jogatina, notei apenas alguns problemas de sincronia labial.
Assim como nos jogos anteriores, o gameplay continua bastante fluido. Um dos pontos altos do game é a exploração de ambientes, a melhor de toda a trilogia, lembrando, inclusive, os primórdios da franquia. Isso se deve aos grandes cenários e aos mistérios escondidos nos ambientes aquáticos. Debaixo d’água estão alguns dos momentos mais tensos da aventura: o game consegue passar com louvor a aflição da protagonista quando ela está perdendo o fôlego e ficando sem oxigênio. Importante dizer que não há nenhum tipo de medidor na tela, cabe ao jogador decidir o quão distante ele irá, contando sempre com a esperança de encontrar algum bolsão de ar adiante ou de conseguir retornar à superfície. Quando a tela está escurecendo e o controle começa a vibrar, é necessário agir rapidamente, caso contrário Lara não terá outro destino a não ser a morte. Assim como a floresta tem seus perigos, na água Lara deve tomar cuidado com piranhas e enguias. Além da progressão na história e da exploração dos ambientes, podemos cumprir desafios ocupacionais e completar as inéditas missões secundárias, que basicamente servem para expandir as informações sobre o universo do game.
Shadow of the Tomb Raider retorna com o sistema de melhoria de armas e a arvore de habilidades, aqui dividida em guerreira, coletora e buscadora. Algumas habilidades são automaticamente conquistadas conforme progredimos, mas a grande maioria delas precisa ser adquirida por meio de pontos de habilidade. Conseguimos esses pontos durante os momentos de exploração, combate e avançando na história. Para melhorar as armas, é preciso ter os materiais necessários, que se resumem a itens coletados no cenário e em animais mortos. No jogo também há vendedores, de quem Lara pode comprar armas, equipamentos e até mesmo alguns materiais de melhoria.
A interação de Lara com os NPCs é boa. Sempre que possível é bom conversar com esses personagens, já que são eles que encomendam trabalhos para Lara (sidequests) e revelam alguns segredos no mapa. Os NPCs também passam para a protagonista informações do local, das pessoas e de sua cultura.
A inteligência artificial dos oponentes é boa. Assim que a arqueóloga é vista, eles partem para cima sem dó. Nesse momento temos duas escolhas: revidar os ataques ou tentar esconder para matá-los de surpresa. Pelo cenário existem objetos que podem ser recolhidos e arremessados, sendo também possível criar armas com eles. As opções são muitas, principalmente se o jogador optar por ser furtivo.
O título proporciona um grande grau de liberdade no tocante a escolha da dificuldade. Além dos quatro tipos já pré-estabelecidos, há a possibilidade de alterar individualmente as dificuldades de combate, exploração e quebra-cabeças, permitindo que adaptemos os desafios da forma que acharmos mais conveniente.
Desenvolvido pela Eidos Montreal em colaboração com a Crystal Dynamics e publicado pela Square Enix, Shadow of the Tomb Raider foi lançado em 2018 e está disponível para Windows, Xbox One e PlayStation 4. Esta análise foi feita com base na versão de Xbox One.
Considerações finais
Shadow of the Tomb Raider foi um game que recebeu críticas muito controversas em seu lançamento. Com todo respeito a quem pensa de forma diferente, não acho que ele deixa nada a desejar em relação aos dois títulos anteriores. Shadow possui menos momentos de ação e tiroteio, mas isso não me incomodou, já que a exploração mais profunda do ambiente, lembrando muito os primeiros jogos da franquia, compensou essa mudança.
O reboot de 2013 adotou um novo método de gameplay que foi muito bem recebido pelos jogadores. Rise pegou tudo o que funcionou no seu antecessor e aprimorou as mecânicas, o que também aconteceu com Shadow. Depois de anos de inconsistências, a franquia finalmente encontrou um ponto de referência e vem aprimorando-o a cada novo jogo.
Shadow of the Tomb Raider fecha muito bem a trilogia que se propôs a contar a história de Lara Croft. A arqueóloga agora é uma mulher destemida e pronta para encarar qualquer tipo de desafio. Qual será o próximo passo ainda não sabemos, mas a cena pós-créditos dá um indicativo. Se você gostou dos dois jogos anteriores, as chances de Shadow lhe render várias horas de diversão são grandes.
Nota
★★★★★ – 5 – Excelente
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