Análise da série Manifest (2ª temporada)

Atenção! O texto a seguir contém spoilers da primeira temporada de Manifest.
Durante boa parte da temporada de estreia de Manifest, acreditávamos que os chamados eram uma condição exclusiva de pessoas que estavam no voo 828, mas quando Cal (Jack Messina) encontra Zeke (Matt Long) em uma cabana, fica claro que isso está relacionado com algo que vai além do desaparecimento do avião. Curiosamente, Zeke também vivenciou uma espécie de ruptura temporal: ele relatou ter se escondido em uma caverna há duas semanas, quando na verdade havia se passado um ano. Além disso, Saanvi (Parveen Kaur) encontrou no sangue de Griffin (Marc Menchaca) a mesma marca que ela e os demais passageiros possuem. O ponto mais curioso dessa história é que Griffin morreu 82 horas e 8 minutos após ser resgatado de uma vã submersa, exatamente o mesmo tempo em que ele esteve desaparecido. Diante dessa coincidência, Ben (Josh Dallas) calcula que todos os passageiros do voo 828 morrerão em 2 de junho de 2024, teoria que é reforçada por um chamado de Cal.
O segundo ano inicia dando sequência imediata a cena final da temporada passada, momento em que descobrimos que Michaela (Melissa Roxburgh) foi atingida por um tiro em decorrência da briga entre Jared (J. R. Ramirez) e Zeke. Felizmente a policial não sofreu complicações e rapidamente retornou às suas atividades profissionais. Agora que a delegacia está sendo comandada pela capitã Kate Bowers (Andrene Ward-Hammond), Michaela enfrenta novas dificuldades no serviço e em certo momento precisa lidar com o fato de sua conduta profissional ser questionada, uma vez que a maioria dos seus casos foram solucionados com base em pistas anônimas, recurso que ela encontrou para justificar os chamados. Tendo ao seu lado uma nova parceira profissional que não conhece suas habilidades especiais, ela precisa ser mais cautelosa na hora de agir. Já Jared apresenta uma mudança brusca de comportamento nos capítulos iniciais e só entendemos as suas reais motivações com o desenrolar da história.
Depois de já ter assistido várias séries, só acredito que um personagem realmente morreu quando o seu cadáver é mostrado na tela. Sempre tive desconfiança que Vance (Daryl Edwards) não havia falecido, algo que foi confirmado logo no começo do segundo ano. Ele forjou a própria morte para poder rastrear a Major (Elizabeth Marvel) com maior facilidade e passa a trabalhar com Ben para conseguir novas informações. Nesse ponto, estava esperando que Vance tivesse uma maior presença na história, mas o que vemos são apenas algumas participações discretas. Falando na Major, ao longo da temporada descobrimos que ela trabalha no Departamento de Defesa e qual é o seu real interesse em toda essa história. Para tentar alcançar o seu objetivo, ela finge ser uma psicóloga e passa a atender Saanvi, ao mesmo tempo que um contato no hospital monitora a pesquisa que está sendo feita pela médica. Esse arco tem bons desdobramentos e conta com um desfecho surpreendente.

Após reencontrar uma antiga conhecida, Ben consegue um novo emprego e começa a dar aula em uma universidade. O que ele não sabe é que um dos membros dos Xers, grupo responsável por executar ações hostis contra as pessoas que misteriosamente retornaram, que também trabalha na instituição de ensino, foi totalmente favorável à sua contratação, já que assim teria oportunidade de se aproximar de Ben. A segunda temporada explora bastante os Xers, mostrando como o grupo se organiza e o que eles são capazes de fazer. Por outro lado, também existem pessoas que acreditam que os passageiros do voo 828 são especiais, considerando o que aconteceu com eles como um milagre. Independente de qual seja o lado, os dois tipos de abordagens geram consequências e representam um risco para a sociedade.
Se antes Grace (Athena Karkanis) não sabia quem era o pai de seu novo filho, a confirmação veio de uma forma inusitada: ela também passa a ter chamados em decorrência da gravidez. Com isso, Olive (Luna Blaise) se torna a única integrante da família que não presencia esses fenômenos, o que a leva a procurar respostas na igreja comandada por Adrian (Jared Grimes). Além disso, Olive também começa um relacionamento com TJ (Garrett Wareing), um passageiro do 828 que ela conheceu no aeroporto e nunca mais havia tido contato. Juntos eles tentam decifrar diversas informações e acabam descobrindo coisas que podem ajudar a compreender melhor tudo o que está acontecendo. TJ atualmente estuda na mesma universidade em que Ben agora é professor, o que faz com que eles se tornem ainda mais próximos.
Ao tomar conhecimento sobre a teoria da possível data da morte, Saanvi começa a tentar encontrar uma cura enquanto segue com o desenvolvimento de sua pesquisa. As coisas começam a ficar um pouco fora do controle quando a médica testa em si mesma possíveis tratamentos, o que acaba afetando sua memória. Por outro lado, é nesse momento que o passado da personagem é explorado pela primeira vez na série, ocasião em que descobrimos detalhes sobre o seu antigo relacionamento. A situação fica mais preocupante quando partes do corpo de Zake começam a congelar à medida em que a sua data de morte se aproxima. Isso deixa Saanvi ainda mais pressionada, ao mesmo tempo que Zake tenta ajudá-la a lidar com os seus novos problemas. Com muito mistério e alguns fatos bem esquisitos, a segunda temporada de Manifest conclui a sua história nos deixando com várias pulgas atrás da orelha.

Considerações finais
Se agora Ben e os demais têm um pouco mais de conhecimento sobre o que está acontecendo com eles, os fatos retratados na reta final da segunda temporada mostram que ainda há muito o que ser descoberto. Ao invés de nos entregar algumas respostas, os roteiristas optaram por expandir ainda mais o universo de Manifest, adicionando novos elementos na história e tornando-a mais complexa. Resta saber se teremos as respostas para tudo o que nos vem sendo apresentado nas próximas temporadas, o meu receio é que isso não aconteça.
Algo que se tornou recorrente na segunda temporada de Manifest foram os chamados compartilhados, o que acaba exigindo uma maior atenção por parte dos personagens para conseguir decifrar a mensagem. Além disso, também tivemos uma breve prévia do que acontece quando alguém ignora completamente um chamado, o que até então não havia sido explorado. Grace recebeu um outro tipo de desenvolvimento, tornando-se uma personagem bem mais carismática. O tom dramático exagerado em algumas cenas não me agradou, é como se a série apelasse para criar algum tipo de emoção enquanto segue entregando uma história rasa para o público.