Análise do filme Rua do Medo: 1994 – Parte 1

Considerada a capital dos assassinatos nos Estados Unidos, a decadente Shadyside definitivamente não é um local em que você ia querer morar. Por outro lado, a cidade vizinha, Sunnyvale, está há trinta anos sem registrar crimes violentos e prospera em todos os quesitos. Como explicar essa brutal diferença entre dois municípios tão próximos? A resposta pode estar em um fato ocorrido há bastante tempo, teoria que ganha popularidade principalmente entre os mais jovens: muitos acreditam que tudo o que ocorre em Shadyside é culpa da bruxa Sarah Fier (Elizabeth Scopel), que teria lançado uma maldição na cidade antes de ter sido enforcada em 1666.

Diante desse histórico, Rua do Medo: 1994 – Parte 1 (Fear Street Part One: 1994, no original) não poderia começar de outra forma a não ser retratando mais uma tragédia. No início do longa-metragem, vemos Heather (Maya Hawke), funcionária de uma livraria, sendo perseguida dentro de um shopping por alguém com uma máscara de caveira, roupa de esqueleto e uma faca na mão. Como o horário comercial já havia acabado, tudo estava fechado e as únicas opções disponíveis eram correr e se esconder. Antes de ser morto pela polícia e ter a sua identidade revelada, o assassino tira a vida de vários funcionários do shopping.

Esse evento repercute pela cidade e Josh (Benjamin Flores Jr.) começa a debater o assunto com outro morador via internet. O jovem parece realmente estar dedicado a entender o que estava acontecendo, mas Deena (Kiana Madeira), sua irmã mais velha, não dá a mínima para as informações que ele havia levantado. Deena é muito amiga de Simon (Fred Hechinger) e Kate (Julia Rehwald), dois vendedores de drogas, e recentemente terminou o seu relacionamento com Sam (Olivia Scott Welch), que agora mora em Sunnyvale. A trama do filme gira basicamente em torno desses cinco personagens e da rivalidade existente entre os dois municípios.

A história da bruxa é inserida entre os adolescentes no meio de uma disputa entre os times de futebol americano dos colégios de Shadyside e Sunnyvale. Enquanto voltavam para casa, o ônibus escolar de Shadyside é perseguido por um carro, onde estavam alguns estudantes da equipe adversária. O único objetivo era tirar sarro com os rivais, mas no meio desse processo um acidente acontece. Dentre os feridos do carro estava Sam, que antes de ser levada para o hospital tem uma visão da bruxa Fier.

Quando essa parte introdutória é superada, a trama do filme passa a ficar mais interessante. Deena, Josh, Simon e Kate começam a ver uma pessoa utilizando a mesma roupa do assassino do shopping nas proximidades das casas em que eles estavam. A princípio, Deena pensou que se tratava de uma brincadeira de mau gosto de Peter (Jeremy Ford), atual namorado de Sam, e de outros estudantes de Sunnyvale, mas logo o grupo percebe que se tratava de algo muito mais sério, principalmente quando várias mortes acontecem no hospital do município. Pessoas que se envolveram em crimes do passado começam a reaparecer e todos aparentemente têm um alvo bem claro: Sam. Qualquer coisa que tenha sangue da jovem é capaz de atrair essas criaturas. O desafio passa a ser encontrar uma forma de quebrar essa maldição, se é que isso é possível.

Caminhando por alguns momentos muito bons e outros bastante monótonos, somos conduzidos a um desfecho completamente aberto e que deixa uma grande ponte para a sua continuação. Embora seja uma trilogia de filmes, a estrutura parece mais com a de uma minissérie; a sensação que fica é que esse primeiro “capítulo” tem como única missão preparar o terreno para as suas duas sequências, já que o seu enredo não se aprofunda muito em nada do que é abordado. Dirigido por Leigh Janiak, e roteirizado por Phil Graziadei e pela própria Janiak, a trilogia é baseada na franquia de livros Rua do Medo (Fear Street), de autoria do escritor estadunidense R. L. Stine.

Considerações finais
Ao longo de 1 hora e 47 minutos, acompanhamos o início do mistério por trás da bruxa Sarah Fier e o fato dela possuir os moradores de Shadyside em diferentes épocas. O filme também tenta criar um pano de fundo para os seus principais personagens, mas nem sempre isso é bem executado. Ao mesmo tempo que explora bem o relacionamento de Deena e Sam, e o fato da mãe de Sam não aceitar que a filha namore uma mulher, o envolvimento entre Josh e Kate surge do nada e em um momento digamos não muito convencional, já que eles estavam sendo perseguidos por criaturas impiedosas.

Colocando um grupo de adolescentes em constante perigo, Rua do Medo: 1994 bebe da clássica fórmula do subgênero slasher e ainda adiciona uma pitada sobrenatural nessa fórmula. O longa também tem um ar nostálgico dos anos 1990, não só devido a ambientação e a trilha sonora, mas também às homenagens que presta aos filmes que foram lançados nessa época. O fator de imprevisibilidade é bem trabalhado, inclusive nas cenas que não envolvem assassinatos, como podemos ver no diálogo final dos adolescentes com o delegado. Me diverti assistindo o filme e acredito que ele seja um bom cartão de visitas para a trilogia.

Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom

Veja mais sobre Rua do Medo:

Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
Deixe seu comentário ›