Análise da série Stranger Things (4ª temporada)
Atenção! O texto a seguir contém spoilers da terceira temporada de Stranger Things.
Oito meses se passaram desde que o Devorador de Mentes provocou a morte de várias pessoas em Hawkins e uma base soviética foi descoberta debaixo do shopping da cidade. Com Hopper (David Harbour) sendo dado como morto, Onze/Eleven (Millie Bobby Brown) passou a morar com Joyce (Winona Ryder) e se mudou junto com sua nova família para o estado da Califórnia. Apesar de fingir que está tudo bem nas cartas que envia para Mike (Finn Wolfhard), ela encontra dificuldades em se adaptar a sua nova realidade e precisa lidar com o fato de não conseguir mais fazer uso de seus poderes. Essa mudança de ambiente evidencia uma característica marcante do quarto ano de Stranger Things: os personagens não estão apenas em grupos diferentes, mas também em localidades distintas, o que acaba expandindo o escopo da trama.
Em Hawkins, de cara dá para perceber que houve uma mudança no grupo que estava junto desde o começo da série. Além da ausência de Will (Noah Schnapp), Lucas (Caleb McLaughlin) se afastou de Mike e Dustin (Gaten Matarazzo), por não querer ser associado aos “nerds”, e entrou para o time de basquete da escola, ocasião em que passou a ter mais contato com os seus companheiros de quadra. Já Max (Sadie Sink) terminou seu relacionamento com Lucas e enfrenta dificuldades para superar a morte de seu irmão. Quem ganha espaço nesse arco narrativo é Eddie (Joseph Quinn): além de ser líder de um clube de Dungeons & Dragons do qual Mike e Dustin também são membros ativos, ele passa a ser o principal suspeito de uma série de mortes bizarras que começam a assolar a cidade.
Tudo começa quando uma líder de torcida do time de basquete é encontrada morta no trailer em que Eddie reside junto com seu tio. Ela havia ido até o local para comprar drogas e misteriosamente tem o seu corpo totalmente quebrado após ser possuída por uma maldição. Assustado com o que havia presenciado, Eddie foge e rapidamente se torna um alvo da polícia e de pessoas que querem fazer justiça com as próprias mãos. Como Mike havia ido para a Califórnia para se encontrar com Onze/Eleven, coube a Dustin a missão de reunir Steve (Joe Keery), Robin (Maya Hawke), Max e Nancy (Natalia Dyer) para ajudar seu amigo. Com a ocorrência de novos óbitos com a mesma característica, o grupo tenta entender o que está acontecendo e como lidar com Vecna (Jamie Campbell Bower), ser responsável por tais atos.
Não demora muito para os fatos ocorridos em Hawkins chamarem a atenção do governo dos Estados Unidos, que começa a suspeitar que Onze/Eleven possa ter alguma ligação com as mortes. Percebendo que a jovem corria perigo e que ela mais uma vez poderia ser determinante para combater a ameaça que estava surgindo, Dr. Owens (Paul Reiser) leva Onze/Eleven até uma instalação subterrânea secreta onde pessoas estavam trabalhando para trazer os poderes dela de volta. Além de marcar o reencontro de Onze/Eleven com seu pai, o Dr. Brenner (Matthew Modine), esse núcleo possui grande importância por aprofundar o passado da personagem no Laboratório Nacional de Hawkins e nos apresentar detalhes importantes sobre a origem e as motivações de Vecna.
Paralelamente a esses acontecimentos, Joyce e Murray (Brett Gelman) embarcam em uma jornada extremamente arriscada após ela receber uma mensagem secreta pelos correios indicando que Hopper está vivo. E de fato ele está. Tendo sobrevivido à explosão ocorrida na parte subterrânea do shopping, o policial foi capturado e levado para a União Soviética, onde é mantido em uma prisão e forçado a trabalhar. Entre traições, planos fracassados e boas reviravoltas, temos novas informações sobre a ligação dos soviéticos com o Mundo Invertido, embora gostaria que essa temática tivesse sido explorada com uma maior profundidade.
Com Joyce fora de casa e Onze/Eleven em um paradeiro desconhecido, Jonathan (Charlie Heaton), Will e Mike ficam desamparados. O Dr. Owens até enviou pessoas para fazer a segurança dos três, mas as coisas acabaram não terminando muito bem. Sendo obrigados a fugir, eles recebem a ajuda de Argyle (Eduardo Franco), um amigo com quem Jonathan costuma fazer uso de substâncias ilícitas. Sem ter muitas pistas de Onze/Eleven, o quarteto começa a percorrer trechos dos Estados Unidos em uma vã de entrega de pizzas, o que os leva até mesmo a um encontro com a namorada de Dustin. Essa parte da história, em especial os diálogos de Will com Mike, reserva alguns dos momentos mais sentimentais da temporada.
A ideia de colocar grupos de personagens envolvidos com seus próprios problemas funcionou bem e a série conseguiu manter um padrão constante de qualidade. Não houve nenhum arco que senti que não tivesse importância para a trama como um todo, mas isso não é capaz de justificar a duração excessiva de alguns episódios, como o capítulo final com suas mais de duas horas de duração. Com uma temporada intensa, Stranger Things novamente prova que é uma das melhores produções originais da Netflix.
Considerações finais
A quarta temporada de Stranger Things apresenta uma mistura de várias coisas que no final acabam se conectando. Essa afirmação não tem um tom pejorativo, é que de fato temos uma história mais fragmentada, algo diferente do que foi adotado nas temporadas anteriores. Obras que costumam adotar esse estilo narrativo muitas das vezes não conseguem sustentar o mesmo padrão de excelência em todos os núcleos, o que não foi o caso da atração criada pelos Irmãos Duffer. A nova forma de explorar o universo da série funcionou bem, apesar da duração extensa de alguns episódios.
Em uma cidade que parece estar fadada a lidar com tragédias, ameaças ainda mais letais do que as vistas anteriormente emergem do Mundo Invertido, momento em que conhecemos quem de fato é o antagonista da história. Com atuações de alto nível e efeitos especiais extremamente bem trabalhados, Stranger Things mais uma vez prova porque é se tornou um fenômeno de audiência. Só espero que não tenhamos que novamente aguardar três anos para acompanhar a continuação dessa história.
Nota
★★★★★ – 5 – Excelente
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